Quinta feira, chego em casa desanimo total, ainda não é sexta feira.
Sofá, e TV até me animar pra ir fazer alguma coisa de útil.
Telefone toca (som de fone), eu atendo, seis que (como diria o Cley).
Mara nossa irmã amiga de infância e adolescência.
Uma amiga assim, não posso chamar de amiga, Mara é nossa irmã.
Alguém especial com quem você pode contar a qualquer hora, pra qualquer coisa.
Aquela irmã que não tem pudores de perguntar quanto de dinheiro você ganha.
Fazer um baita sermão antitabagismo,
irmã que já passou pelos quatro cantos do mundo,
e quando vem a sua casa, senta no chão de um jeito muito peculiar.
Adora Frango assado, de TV de cachorro, farofa, batata palha e salada de tomate
Tenho o maior orgulho dessa nossa irmã,
sempre dou um jeito de contar pra alguém quantos idiomas ela fala,
por quantos países já passou. Minha irmã postiça DIPLOMATA.
(NÃO É PRA QUALQUER UM)
Hoje ao telefone lembramos algumas passagens da nossa adolescência.
Encontrávamos-nos sempre na casa do Cley, quando ainda namorávamos.
Eu e Cleise (minha mana-cunhada) sempre tínhamos tarefas da casa pra fazer,
lavar louças, passar roupas, onde estávamos, Mara se amontoava no chão,
bordando uma tapeçaria, eu e Cleise cuidando da louça ou da roupa.
Altos papos rolavam na cozinha
(e a Mara bordando sua tapeçaria de folhas verdes).
Eu tinha começado escrever faz um tempo, parei, ficou no rascunho.
Hoje estou com muitas saudades de minha mana postiça, sei que do outro lado do mundo ela está sofrendo muito, perdeu uma pessoa muito querida o Tio Hans.
Nessas horas a gente quer estar perto de quem ama, dar colo, chorar junto.
Meu coração está apertadinho, queria que ela soubesse do meu amor.
Comecei contando, sobre momentos meus com Mara e Cleise.
Falar desses momentos não dá pra deixar de fora a dona Erna
(mãe de Cleise, Cleycir, Ignácio e Valter) e na época minha futura sogra.
Naqueles tempos não tínhamos conhecimento do tal do TOC,
hoje reconhecemos todos os TOCs da Dona Erna:-
Lustrar o chão encerado sempre no mesmo sentido, passar água fervendo em toda a louça depois de lavada (peça por peça dentro da água fervendo), e tantas outras manias ou TOCs,
entre tantos outros que noutra hora listarei.
Na cozinha eu lavando a Cleise enxaguando,
empilhando direitinho no escorredor de louças.
A água fervendo do fogão, (ferver muiiiito), jogar a água pelando sobre a louça,
uma maneira de acabar logo a tarefa, e enganar a dona Erna.
fingindo que ter mergulhado cada peça cuidadosamente na água fervendo.
Se Dna. Erna chegasse, ia logo perguntando: passaram agua quente?
Cleise na maior cara de pau "Claro, põe a mão, está pelando de quente".
Esperávamos ela sair, para cair em gargalhadas.
E a Mara bordando sua tapeçaria num desenho de folhas verdes.
Íamos para o quarto dos meninos (Cleycir e Ignácio), eu e Cleise revezávamos
passando roupas, enquanto uma passava, a outra descansava e fofocava.
E nossa mana postiça Mara bordando sua tapeçaria de folhas verdes.
Nós crescemos, dos nossos dezoito anos até hoje alguns anos se passaram,
estamos muito distante umas das outras.
Eu em Suzano, Cleise no Sul e Mara em Sarajevo.
Tenho duas irmãs muito amadas, Kel e Léa.
E mais essas duas que nasceram para mim quando eu tinha dezoito anos.
Tem pessoas que entram nas nossas vidas pra nunca mais sair.
Assim é com minhas irmãs, as duas que nasceram de minha mãe,
E as duas que vieram depois, nem por isso menos amadas.
Só pra constar, a tapeçaria de grandes folhas verdes,
ficou muitos anos na minha casa,
Mara me deu quando desmontou o AP. de sua mãe, Dna Maria.
Infelizmente quando me mudei do meu velho AP para cá, dei a velha tapeçaria para um bazar beneficente, assim como dei tantas coisas achando que com elas, iria embora a dor da perda.
A dor da perda não acaba. A gente vai vivendo...
hoje, meu amor especial para Mara e Sueto, a dor não vai embora.
Mas podemos ir vivendo com tantas alegrias que a vida nos dá.