27 de fev. de 2012

A TAPEÇARIA DE FOLHAS VERDES.



Quinta feira, chego em casa desanimo total, ainda não é sexta feira.
Sofá, e TV até me animar pra ir fazer alguma coisa de útil.
Telefone toca (som de fone), eu atendo, seis que (como diria o Cley).
Mara nossa irmã amiga de infância e adolescência.
Uma amiga assim, não posso chamar de amiga, Mara é nossa irmã.
Alguém especial com quem você pode contar a qualquer hora, pra qualquer coisa.
Aquela irmã que não tem pudores de perguntar quanto de dinheiro você ganha.
Fazer um baita sermão antitabagismo,
irmã que já passou pelos quatro cantos do mundo,
e quando vem a sua casa, senta no chão de um jeito muito peculiar.
Adora Frango assado, de TV de cachorro, farofa, batata palha e salada de tomate
Tenho o maior orgulho dessa nossa irmã,
sempre dou um jeito de contar pra alguém quantos idiomas ela fala,
por quantos países já passou. Minha irmã postiça DIPLOMATA.
(NÃO É PRA QUALQUER UM)
Hoje ao telefone lembramos algumas passagens da nossa adolescência.

Encontrávamos-nos sempre na casa do Cley, quando ainda namorávamos.
Eu e Cleise (minha mana-cunhada) sempre tínhamos tarefas da casa pra fazer,
lavar louças, passar roupas, onde estávamos, Mara se amontoava no chão,
bordando uma tapeçaria, eu e Cleise cuidando da louça ou da roupa.
Altos papos rolavam na cozinha
(e a Mara bordando sua tapeçaria de folhas verdes).

Eu tinha começado escrever faz um tempo, parei, ficou no rascunho.
Hoje estou com muitas saudades de minha mana postiça, sei que do outro lado do mundo ela está sofrendo muito, perdeu uma pessoa muito querida o Tio Hans.
Nessas horas a gente quer estar perto de quem ama, dar colo, chorar junto.
Meu coração está apertadinho, queria que ela soubesse do meu amor.

Comecei contando, sobre momentos meus com Mara e Cleise.
Falar desses momentos não dá pra deixar de fora a dona Erna
(mãe de Cleise, Cleycir, Ignácio e Valter) e na época minha futura sogra.
Naqueles tempos não tínhamos conhecimento do tal do TOC,
hoje reconhecemos todos os TOCs da Dona Erna:-
Lustrar o chão encerado sempre no mesmo sentido, passar água fervendo em toda a louça depois de lavada (peça por peça dentro da água fervendo), e tantas outras manias ou TOCs,
entre tantos outros que noutra hora listarei.

Na cozinha eu lavando a Cleise enxaguando,
empilhando direitinho no escorredor de louças.
A água fervendo do fogão, (ferver muiiiito), jogar a água pelando sobre a louça,
uma maneira de acabar logo a tarefa, e enganar a dona Erna.
fingindo que ter mergulhado cada peça cuidadosamente na água fervendo.
Se Dna. Erna chegasse, ia logo perguntando: passaram agua quente?
Cleise na maior cara de pau "Claro, põe a mão, está pelando de quente".
Esperávamos ela sair, para cair em gargalhadas.

E a Mara bordando sua tapeçaria num desenho de folhas verdes.
Íamos para o quarto dos meninos (Cleycir e Ignácio), eu e Cleise revezávamos
passando roupas, enquanto uma passava, a outra descansava e fofocava.
E nossa mana postiça Mara bordando sua tapeçaria de folhas verdes.

Nós crescemos, dos nossos dezoito anos até hoje alguns anos se passaram,
estamos muito distante umas das outras.
Eu em Suzano, Cleise no Sul e Mara em Sarajevo.
Tenho duas irmãs muito amadas, Kel e Léa.
E mais essas duas que nasceram para mim quando eu tinha dezoito anos.
Tem pessoas que entram nas nossas vidas pra nunca mais sair.
Assim é com minhas irmãs, as duas que nasceram de minha mãe,
E as duas que vieram depois, nem por isso menos amadas.

Só pra constar, a tapeçaria de grandes folhas verdes, 
ficou muitos anos na minha casa,
Mara me deu quando desmontou o AP. de sua mãe, Dna Maria.
Infelizmente quando me mudei do meu velho AP para cá, dei a velha tapeçaria para um bazar beneficente, assim como dei tantas coisas achando que com elas, iria embora a dor da perda.
A dor da perda não acaba. A gente vai vivendo...

hoje, meu amor especial para Mara e Sueto, a dor não vai embora.
Mas podemos ir vivendo com tantas alegrias que a vida nos dá.

21 de fev. de 2012

O PRIMEIRO CARNAVAL DA TATHI.

Muita gente não gosta de carnaval, eu gosto.
Hoje pela folga no trabalho, antigamente pelo carnaval mesmo.
Todo ano tentava (sem conseguir), convencer o Cley me levar ao baile de carnaval.
Acabava por me conformar com bailes de formatura, que terminavam sempre com um grito de carnaval, eu adorava, dançava até me acabar. Na TV via os desfiles do Rio a noite toda, levava um colchão para sala e não despregava os olhos da TV, sempre torcendo muito pela Estação Primeira da Mangueira, e me encantando com os carnavais do Joãzinho Trinta (um gênio da Grande Opera Popular).

A Tathi tinha pouco mais de um ano de idade, naquele carnaval estava febril, até com uma dorzinha de ouvido, cismou, queria ir no carnaval.
O desfile de Carnaval de Suzano era na Glicério, morávamos no Jd. Imperador.
Tanto ela pediu (eu botando pilha), o Cley concordou.
Ela queria uma fantasia, eu mais do que ela.
Como fazer uma fantasia em tão pouco tempo?
Naquele tempo não tínhamos a facilidade de encontrar fantasias nas lojas.

Ela tinha um macacãozinho vermelho de tecido florido.
Sempre que ela o usava eu achava que parecia um palhacinho.
Peguei uns retalhinhos de tecido, fiz uma gravatinha borboleta, um chapeuzinho.
Pintei o narizinho de vermelho, pronto! Uma fantasia de palhacinho. 
Fomos ao desfile, caminhando e revezando com a Tathinha no colo.

A fantasia ficou bonitinha.
Tathi com seu par de olhinhos verdes, boquinha miúda pintada.
A pontinha do nariz uma bolinha feita com baton vermelho.
Uma linda palhacinha!
Nós vimos os blocos passando, um carnaval pobre sem lindas alegorias.

Ficou marcado na minha memoria a Tathi pulando no colo do pai,
os bracinhos levantados balançando ao som do batuque.
Voltamos pra casa cansados mas felizes e a Tathi sem febre.
Muitos outros carnavais vieram.
Os bailes de carnaval de nossas vidas foram nas matinês do Mirambava.
Eu Cley e Tathi (e suas amigas inseparáveis Mariana e Marcela).
bons tempos...

8 de fev. de 2012

A RAINHA DA ESCOLA.


Na TV noticiário sobre a morte de Wando.
Você só curte Rock ou MPB, Opera, Tango, Clássicos ou tantos outros estilos.
Faz questão de dizer “é brega, odeio”.
Uma vez na vida você já cantarolou MEU IAIÁ MEU IOIÔ.

Não larguei meu sofá confortável, pra vir aqui no meu cantinho/escritório,
escrever sobre o Wando, amanhã muito vão escrever sobre ele.
Muitas homenagens, um certo oportunismo, (enfim).
Não era um dos meus ídolos. Mas muitas vezes cantarolei uma canção dele.

Voltando ao jornal.
Alguns artistas comentando algo sobre o Wando.
Vi, não acreditei, voltei a imagem.
E lá estava ele Marcio Greyck.
As jovens com 5.0 lembrarão, mesmo que vagamente.
Um lindo jovem de olhos claros e cabelos crespos.
Vendeu muito uma musica (pelo menos):-
Não eu não consigo acreditar no que aconteceu...

Eu fazia um curso, quem é de Ferraz se lembra da Escola da Dona Berta.
Cursos de dactilografia, estenografia e outros fias.
As mocinhas se preparavam para trabalhar no Banco do Brasil.
Ou na fabrica de Lixas (uma grande indústria da minha cidade).

A Dna. Berta promoveu um “concurso” para eleger a rainha da escola.
Não a mais Linda ou simpática ou ainda mais inteligente.
Quem vendesse mais votos, seria coroada a Rainha da Escola.

Eu uma garotinha de talvez doze ou treze anos.
Magrela, feinha (acho mesmo que não tinha ainda o meu primeiro sutiã).
A outra candidata, uma morena linda de arrasar, alta o maior corpão.
Não consigo lembrar o nome dela (posso vê-la linda! Mas o nome...).

Ela vendeu muitos votos, era só abrir aquele sorriso.
Eu, tão tímida não vendi um voto que fosse...
Agora entra uma nova personagem nessa história
TA-RAAAM,  minha mãe. Comerciante muito conhecida.
Vendeu muiiiiitos votos, com certeza comprou muitos também.

Dia da coroação da Rainha da escola.
Eu de vestido branco de saia plissada, blusa toda bordada com pedrarias.
Cabelo arrumado num coque bem delicado (pra encaixar a coroa).
Ela num vestido verde água lindo de morrer, também bordado em pedrarias.
Uma enorme fenda lateral deixando mostrar a perna (que pernas!).
Sapatos forrados em tecido combinando com o vestido.
E uma linda carteira nas mãos.
Eu levava uma bolsinha de mão muito delicada, meu vestido era abaixo dos joelhos.
Sapatinhos brancos delicados (sem salto), E TA-RAAAM:
 Meias soquete BRANCAS!   oh Deuses da misses e mãe de misses.
Tão novinha! Ainda não usava sapatinhos de salto alto.

Resultado anunciado... Ta- raaammmmm, rufem os tambores!
Eu a nova Rainha da escola, a lindíssima morena,  minha princesa ( bizarro),
Fomos coroadas, enfaixadas, festejadas, beijocadas.
O Márcio Greyck cantou pra mim, ficamos de mãos dadas.
Ele era Lindo! Jovem em início de carreira, olhos claros e cabelos enroladinhos.
Mas... Durante o baile todo...
Ele dançou e ficou, e acho que até beijou na boca a linda princesa da escola.


lembro de mim, meio encabulada, sabia que era uma coroa sem sentido.
Uma coisa me consola.
Quem brilhou na festa? nem rainha nem princesa.
foi o Marcio Greyck.

3 de fev. de 2012

LIQUIDIFICADOR VERMELHO.


Sou meio desajeitada, aquele tipo de mulher,
que por mais que se arrume,
nunca fica elegante.
Naõ me levo muito a sério.
Hiponga mesmo, um camisão gostoso uma leg, sapatos sem saltos.
Mas não saio de casa,
nem pra botar o lixo fora,
sem o risco delineador preto
e a sombra escura nos olhos.
Já fui pior, bem pior.

Lembrei hoje minhas quase primas,
Rosana e Maria Regina.
Mal nos conhecíamos,
elas são primas da prima do Cley.

Moravam em SP capital,
num apê pequeno, tudo muito arrumado.
Gente muito querida.





Seis que... (falando em Cleycirês),
ele costumava dizer seis que, ao invés de Eis que...
Como ia dizendo...
Seis que um dia, tudo combinado para um fim de semana na praia,
no apartamento do sr Wilsom (alfaiate dos melhores),
grande amigo da família da Tia Patrocinia (mãe dos meus quase primos),
Rosana, Maria Regina e Viché.

Para eu e o  Cley, minhas irmãs Lea e Kel, termos autorização dos nossos pais,
foi uma longa historia.
Concluindo, contamos pra minha mãe que não ia "gente grande", só nós.
Com muito custo, minha mãe concordou em uma pequena mentira para nosso pai.
A tia do Cley ia junto, não teria problema...  bla bla bla,
CONSEGUIMOS!
Fomos eu Cley, nossas duas velas Lea e Kel, Motinha e Vera.
Se bem me lembro fomos na Kombi do Motinha.
Não consigo lembrar se a Cleise foi.
Acho que ela já estava no SUL.

Primeira etapa vencida, fomos todos pra casa da Tia Patrocinia.
Demorou horas, até a Tia Patrocinia conseguir autorização do Pai. 
CONSEGUIU!

Todo mundo rumo a la praia. Foram dias ótimos, muito namoro.
muito macarrão e batata frita.
Muita gente queimada do sol, de fazer bolhas, aNrdia muiiiito,
única coisa que aliviava  era agua com álcool.

Comecei falando do meu "estilo", naquela época era muito pior.
Eu levei uma calça marrom horrível, uma ou duas bermudas.
Nem lembro mais que roupas eu levei. Freud explica.
Rô e M Regina, acabaram dando um jeito em mim,
eram lenços que viravam frentes únicas transadíssimas.
Um dia uma emprestava uma peça, outro dia outra,
e assim consegui ficar um pouco apresentável.

Hoje encontrei a Rosana no facebook, vi fotos, senti muitas saudades.
Uma ou duas idas a praia, dois ou três bailes de formatura
Alguns velórios. (tem gente da família que só se encontra em velórios).
Convivemos por pouco tempo, seguimos caminhos distantes.
Mas ainda assim, fica um enorme carinho.
Uma saudade do molho especial pra pizza (a tia tinha um segredinho).
O lenço de seda que virava frente única.

O único jantar no nosso apartamento, pizza é claro.
a Rô e Egidio trouxeram nosso presente de casamento.
Um lindo liquidificador vermelho!
Na nossa mesa bem arrumadinha, pizza
Pratos, copos e talheres novos;
Um rolo de papel higiênico. E MUITA RISADA.
Não tínhamos comprado guardanapos...

saudades dos meus amigos queridos.