31 de ago. de 2012

CALÇA BOCA - DE - SINO, RETORNO A WOODSTOCK




Não resisto um  reflexo, espelho, vitrine,vidro de carro.
Tudo que me refletir, dou sempre uma olhadinha.
Narcisismo? Não, muito pelo contrario.
Má postura, me causou uma hérnia de disco.
Aproveito a olhadinha para corrigir e endireitar as costas, 
não consigo manter a postura correta por muito tempo.
Vejo-me vestida um jeans a maior parte do tempo.
Usando uma peça; calça, jaqueta ou colete.
É fato, jeans é a roupa mais democrática que existe.
Você pode ter um jeans “baratinho ou carinho”.

Não vou dizer na minha juventude, pois continuo jovem ?!?!
Nos anos 60/70 o sonho de consumo de todo jovem,
era uma calça Lee americana, o verdadeiro blue jeans.
O Brasil fabricava o verdadeiro e perfeito (tecido).
Calças, macacões e jaquetas, eram made in USA

Todo mundo jovem queria uma Lee americana,
só encontrada  no “mercado negro”, e paga em dólar.
Se algum conhecido ia à galeria pajé, levava uma lista de encomendas.
O jeans vendido aqui era molenga e sem graça, não desbotava.
Era impossível se contentar com aquele Blue jeans horroroso.
O preço de uma calça Lee era bem alto, um tormento para os pais.
Tentei lembrar quantos U$ dólar custava, não consegui.
Pesquisei achei algo em torno de quinze dólares (?????).
Se alguém lembrar, por favor, me conta.

Ganhamos nossa primeira Lee, deveria ser presente de Natal.
Nossa mãe escondera o pacote, para nos entregar  dia vinte e cinco.
Como sempre acontecia a minha irmã kel revirou a casa
e só sossegou depois que encontrou o pacote.
Presente de Natal antecipado...
Finalmente! Três calças Lee americanas originais.
Uma para cada menina: Nice, Lea e Kel.
Rapidinho para costureira cortar e fazer outra barra.
A calça tinha pernas enormes, (numeração americana).
Cortava-se um pedaço das pernas acertando o comprimento,
Com o pedaço da perna recortado em forma de triangulo,
Fazia-se um alargamento bem na boca da calça,
A famosa boca -de - sino.
O Sr. Santos meu sogro, ex auxiliar de alfaiate, 
fazia uma boca de sino perfeita.

Já naquele tempo os jeans eram customizados
Tinha gente que botava agua sanitária pra desbotar,
era calça com a marca da pedra do tanque,
bunda da calça e os joelhos clareados.
Uns tiravam os bolsos outros recortavam com Gilette,
Um rasguinho aqui outro ali ou uma tinta sujando levemente.
Cada qual inventava uma maneira diferente.
Sem contar que quanto mais velha e desbotada era melhor
Podia-se até comprar Lee já velha e desbotada.
Muitas calças “sumiam dos varais”.
Eu lavava com cuidado, enxaguava com agua e vinagre,
pra não desbotar, era como uma jóia rara, cuidava para não acabar.

Meu segundo jeans foi presente do Cley, eram duas calças connie,
uma pra mim outra pra ele, eram lindam, já tinham a boca-de-sino,
cintura um pouco mais alta e as pernas levemente pantalonada.
Um arraso de linda! O corte era diferente da lee, o azul era mais escuro,
o tecido levemente mais fino e delicado.

Só para constar, no dia dos namorados trocamos presentes
ganhei o jeans e comprei duas blusas de cashmere,
beje castor, modelos feminino e masculino, macia e gostosa de usar.
Era moda os casais se vestirem com roupas iguais (unissex).
Namorados de mãos dadas e vestindo roupas gêmeas.
Hoje me sentiria bem ridícula saindo na rua de par de vasos.
Mas naquela época, era como usar um anel de compromisso.

Nós, os nativos das décadas de 60/70,
Vimos romanticamente James Deam e Marlon Brando,
usando pela primeira vez calças jeans e camisetas brancas.
Roupas usadas no dia a dia pelos fazendeiros americanos,
transformaram-se num dos símbolos da contracultura
E da juventude transviada.

Enlouquecemos com Woodstock ,
três dias de paz e amor  15/08/1969 a 17/08/1969
Mais quinhentas mil pessoas, a maioria vestindo blue jeans,
batas e camisetas coloridas,  muito cabelo comprido.
Rolou muito rock, muito amor e muita viajem.
Woodstock Music & Art Fair,
na verdade aconteceu na cidade rural em Bethel estado de Nova York,
numa fazenda de 600 acres  (aprox. 2.400.000 m²), 
os moradores  de Woodstock  temerosos pela invasão
de hippies e da contracultura, não permitiram o festival.
Muita chuva de verão e muita lama, muito amor livre.
Eu não estive lá, vi na telona “aconteceu em Woodstock”
Woodstok continua em mim, através dos meus ídolos e do meu bue jeans. 


ps- tenho guardado no armário um macacão jeans,
daqueles que os fazendeiros americanos usam,
a-do-ro, vou usa-lo na minha festa de oitenta anos.


Joe Cooker

Carlos Santana 

Janis Joplin

Joan Baez

Woodstock (que não foi em Wookstock)

16 de ago. de 2012

CANTANDO NA PANELA :)




Ao final de cada escrito envio uma mensagem especial, hoje lembro minha Marlene Sant'Anna, 
cantora oficial do Municipal de Poá.


Eu cantava muito, (não em qualidade mas em quantidade).
Meu repertório todas as canções da Elis.
Saudades dos grandes festivais da Record, década de sessenta.

Êeeeeeee tem jangada no mar...
Olha o arrastão entrando no mar sem fim.

Na cozinha da nossa casa eu me acabava de cantar.
Sem pudor nenhum (sempre achando que estava abafando)
Eu cantava e cantava e cantava e.........................................cantava.
Soltava minha voz dentro da panela.
Só quem já o fez, sabe como é bom cantar dentro da panela.
Pegue uma panela enorme e larga, (de alumínio),
daquelas para fazer arroz pra mais de trinta pessoas.
Coloque a cabeça meio dentro meio fora da panela.
De maneira a projetar a voz dentro e ao mesmo tempo ouvir.
Então cante a toda força dos pulmões.
Uma experiência incrível.
Não existe no mundo melhor acústica e retorno.
Cantar na panela só se compara a cantar no chuveiro


...Por onde for quero ser seu par...


No chuveiro, na panela ou com a vassoura (microfone de pedestal)
No meu cantar oitavado e em falsete.
Eu era Elis, Nara, Rita Lee, Marilia Medalha, Beth carvalho.
Fui Caetano, Gil, Geraldo Vandre, Jair Rodrigues, Simonal,
Roberto Carlos, Ronnie Vonn, Ney Matogrosso, Fagner, 
MPB 4,  cinco e seis, quarteto em Cy, uma mutante  tropicaliando.
Fui muito por demais Chico Buarque,
às vezes era Joplin, summertime num embromÊs de dar gosto,
com ajuda da minha mana mara, que transcreveu a letra de summertime
escrita tal como se pronuncia "sâmertaime" e aí por diante.
se no inglês embromava, as canções em italiano eram perfeitas:-

Il nostro amore era invidia di chi è solo .....

...Foi no parque que ele avistou,  juliana...
ela e o amigo João.

Um dia nossa vizinha Dora Santasofia,
recebeu a visita de um parente musico,
Não lembro detalhes.
Só sei que eu estava na sala da casa da Dora,
para uma audiência,  a canção escolhida:
 .... sem sofrer não se aprende a amar, louvo a Deus meu sofrimento... 
Moacyr Franco (eu a-ma-va).

...A moça feia debruçou na janela,
pensando que a banda tocava pra ela...

E por falar em sofrimento, foi assim, dois sofrimentos.
Sofria quem tentava acertar o tom, sofria muito quem ouvia.
Eu não escutava uma nota sequer do violão,
não conseguia entrar no tom, tremia suava frio.
Várias tentativas, o "maestro", balançou a cabeça negativamente.
Dora tentando entender como eu tinha cantado tão mal.
Afinal ela me ouvia diariamente em meus "sarais solitários e doméstico"
Minha primeira e única audiência, fracasso total.
Jamais seria uma cantora de sucesso.
Não mais cantaria no programa do Chacrinha.
Oh Deus Oh Céus.
O abatimento passou, também o desencanto se foi.
Continuei no meu canto, cantando

...Vem vamos embora que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora....

No colégio Municipal de Poá, o prof. Jose Martins, do Orfeão, 
me escalou para um pequeno solo na apresentação do coral.
Fui Uirapuru seresteiro cantador do meu sertão.
Cantei, sem medo e sem a costumeira timidez.
Não sei se foi bom, tampouco se foi ruim, se aplausos vaias ou silencio.
Só sei, naquele dia arrumei um namorado,
meu primeiro e quase único namorado. 

...A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar...

Outro dia me dei conta que não canto mais...
Nem no chuveiro, nem na panela.
As vezes numa festa arrisco o videokê.
Se antes cantava sempre uma oitava abaixo,
hoje nem oitavo mais, meu cantar enrouqueceu,
a voz não oitava mais, a garganta esqueceu o falsete.
Quem sabe minha alma esteja enrouquecida.

Na boiada já fui boi, boiadeiro já fui rei...

Maria de santas Maria de flores,
seria Maria, Maria sòmente ...

Caminhando contra o vento...   eu vou.... por que não?

....Foi no parque que ele avistou,  juliana...
ela e o amigo João.

Quem anda atras de amor e paz não anda bem...

Vou voltar para o meu lugar e ouvir uma sabiá...
e eu hei de ouvir cantar uma sabiá....
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