31 de mar. de 2012

ELE AMAVA OS BEATLES E OS ROLLING STONES


Venho aqui para escrever, tenho a historia inteira na cabeça.
Hoje quero escrever e não lembro uma historia especial.

Amanhã é dia primeiro de abril, criança eu adorava esse dia,
Sempre tentando arrumar uma mentira pra "pegar" alguém.
Essa brincadeira hoje não é tão comum como naqueles dias.
Inventar uma mentira, muitas vezes os adultos fingiam acreditar,
só pra brincadeira ter graça, e tinha, era uma felicidade só.
Peguei na mentira, assim se dizia 1º de abril!

Penso, seria bom primeiro de abril, ser ainda o dia da mentira.
Não é mais. Num primeiro de abril, dois anos atrás, a mais dura verdade.
O meu querido Cleycir se foi...

Mas não é possível! Você deve estar pensando.
Lá vem a Nice novamente falar do Cleycir.
Pois é, de novo.
O Cley era uma pessoa singular, e começando pelo fim:
Ele se foi num dia primeiro de abril, dia da mentira,
era véspera de Sexta Feira Santa e da Páscoa, três datas.
Não bastasse isso, ele nasceu num domingo de Páscoa.
Nessa época do ano aumenta o chororô.

Digo que era singular, realmente o era.
Quem o conheceu sabe disso.
Quero escrever uma historinha engraçada.
Pausa... um cigarro e coca cola geladinha.

Deu branco, lembro das coisas em seus mínimos detalhes.
Tenho uma nuvem, e só lembro-me de coisas tristes...
Talvez falar um pouco sobre ele.

Era o próprio provisório permanente,
Qualquer reparo em casa era sempre provisório, depois eu arrumo direito,
E o dia de arrumar direito nunca chegava...
O provisório era permanente, tudo era na gambiarra,
fio de telefone, computador, tomadas e aí por diante.

Comprar roupas, sapatos? Nunquinha...
Eu comprava meias, cuecas, camisetas, calças e até sapatos.
Sapatos, ele só usava o mesmo modelo da mesma marca
e da mesma cor, era mais fácil.
Quando aquele modelo da samelo saiu de linha.
Aí pegou...

Homem inteligente, podia falar sobre tudo.
Mas se não estava inteirado em certo assunto, inventava alguma coisa.
E todo mundo acreditava.

Podia ficar horas sem dizer uma só palavra.
Isso dava a sua figura um ar de mistério.
Tinha uma calma cativante, mas era capaz de explodir
Como a fúria de um vulcão.

Sempre tinha uma piada, humor ácido e crítico.
Era doido por rock, mas muitas vezes o vi chorar,
ouvindo “pra não dizer que não falei das flores" (Geraldo Vandré).
Curtia Caetano, Gil, Chico Buarque e Gal.

Adorava esportes, de futebol até Hipismo.
Bastava assistir a competição de um esporte não muito comum,
rapidinho era o grande crítico e comentarista.
Dono de uma memória interessante, não lembrava datas importantes,
passagens de nossas vidas, aniversários, etc.
Mas podia dizer o nome de todos os jogadores
de um time de futebol de mil novecentos e bolinhas.

Amigos tinha poucos, mas os que tinha eram de longa data.

Teimosia era seu sobrenome.
teimava até o fim, e mesmo quando eu estava certa...
ele me convencia que eu estava enganada..
Mas seu segundo nome era Generosidade.

Seu primeiro nome era Pai.
O melhor pai do mundo.

Econômico em seus elogios tinha um jeito de olhar...
Fazia-me sentir linda, inteligente e especial.
Não era de ficar pegando, agarrando.
Mas um carinho daquelas mãos claras e delicadas,
Era como um presente de Deus.
(não vou continuar, pode ficar impróprio para menores)

Saudades de UM GAROTO QUE  COMO
EU AMAVA OS BEATLES E OS ROLLING STONES.

24 de mar. de 2012

FESTA NO CÉU 'PRO CLEY'



Oi Cley, tudo bem por aí.
Aqui tudo bem, “tirante” as saudades que temos de você.
Escrevendo para te dar um beijo, sessenta e um anos!
Tá complicado preparar uma festa.
Se você não vier vai ficar muito chato.
E se você vier, o povo vai morrer de um ataque do coração.
Meu anjo de guarda, vai me ajudar a preparar uma festa pra você.
Fizemos um trato, eu me comporto pra ele não ter muito trabalho,
ele terá um tempinho livre pra preparar sua festa.
Pela segunda vez, não estarei perto para organizar tudo.

Meu anjo prometeu seguir à risca as minhas instruções:
E, eu não estando aí, conto com gente querida pra me ajudar:
Vó ida fará aquela carne de panela (de cor pretinha e sabor delicioso)
Vô Germano levará um pacotão de balas para as crianças.
Vô Ignácio estará de olho em tudo, (não quis aceitar uma tarefa)
Meu avô Antônio Dias levará legumes e verduras bem fresquinhas.
Tio Bruno e Bruninho farão aquele churrasquinho paulista.
Tia Dolores  está terminando uma linda toalha de crochê,
bem branquinha para colocar na mesa.
Pai Clemente fará lindos tapetinhos bordados para a porta da entrada.
Oma Erna fará o bolo com recheio de frutas e licor.
(com uma nova cobertura chamada nuvem do céu).
Tia Ema fará uma cuca bem gostosa e salada de batatas com maionese 
(não se esquece de dar um dinheirinho pra ela)
Tia Irma lerá um lindo POEMA em sua homenagem.
O tio Antônio (da tia Irma) levará uns cigarrinhos.

Sônia, Tia Rosa e Tio Antônio.
Levarão enfeites, todos made in USA.
(Tia Rosa queria levar arroz doce, eu disse que não precisava).
Tio Helmo vai assar um Leitão a pururuca.
(falei que já tinha muita carne, mas ele insistiu).
O João Alemão levará a cervejinha e uma cachaça da boa).
A Mayara acertou a presença de um D.J amigo dela.
O tio João Dias fará sorteio de um brinde pra os convidados
O tio Arnaldo Dias levará uns artistas velhos conhecidos dele.
(deve ser sertanejo, faz de conta que gosta, pra ele não ficar triste)
Vó Zefinha  vai ficar na boa. Forra bem com toalhas a nuvem em sentar,
(será que ela parou de fazer xixi quando ri?)
Ciro levará doces, copos, pratos, guardanapos e refrigerantes.
Cuidado! ele sempre tem uma pegadinha.
Pedro e Vovó Toshico levarão muitas flores.
Vô Darcy  fará churrasco gaúcho, levará o carvão de ótima qualidade.
Paulo Fries levará muito chocolate e alguns doces.
Meu Pai cuida da iluminação, levará cocadas e água de coco.
Meu Irmão Daniel insiste em cantar ilariê da Xuxa.
Fora o Ilariê, o som vai ser bom, Motinha levará um belo som,
Rock da melhor qualidade, parece que Lennon dará uma passadinha.

Tenho certeza que sua festa será linda, meu anjo de guarda garante.
Você estará em boa companhia de tanta gente que te ama.

O Tio Hans (da Mara), foi para aí há pouco tempo.
Pedi pra ele te entregar meus presentes:
Uma lata de figo Ramy, camisa do São Paulo, uma cachacinha mineira,
um pacote bem grande de elastiquinho, pra você amarrar seus cabelos,
Nossa grande amiga Nice, te ajuda a pentear e amarrar.
Se precisar ela também ajuda cortar suas unhas.
Se encontrar o vovô Generali, fica esperto,
ele vai querer cortar seus cabelos.
Não deixe, adoro seus cabelos compridos.

Ia me esquecendo, o Brasil ficou mais triste.
Chico Anysio deve estar chegando por aí.

Feliz aniversário, tiamo pra sempre.
Obrigada por continuar cuidando de mim.

Ps. Adorei sentir o teu abraço outro dia.
Se der, venha e dê um abraço pra Tathi.
Ela também precisa sentir o seu cuidar.

tiamo pra toda vida, e pra além da vida também.
Feliz Niver, a vida continua..
aqui e aí.

16 de mar. de 2012

A TUTI NÃO MORA MAIS AQUI.



Quero muito um cachorrinho. 
Passo em frente de um Pet Shop todos os dias,
fico doidinha com os cachorrinhos "na vitrine".
Se me falam num pequenino para adoção, meu coração balança.

Olho no relógio, quatro da matina, dormi cedo, acordei as três da madrugada.
Sem sono, penso em muitas coisas...
Minha mente lembrativa pensa em cachorros.

LULU: um vira branco e caramelo pareciam um collie  mal acabado.
Esse menino adotou minha mãe, seguindo-a pra lá e pra cá. 
Um dia minha mãe se encheu de razão, comprou coleira e corrente,
adotou o LULU. Um belo banho no tanque de roupas, comida, remédios.
Lulu ficou conosco por um bom tempo. Um amigo fiel.
Um dia, nós as meninas da casa, o encontramos morto no quintal, muito chororô.
Ouvimos os adultos dizerem que ele foi envenenado...
 (ouvir a palavra envenenado doeu muito).

NIKI: Ganhamos de um grande amigo, o Geraldo.
Niki era um bicho doido, temperamental.
Pequeno vira de pelo curto, e cabeça grande.
Ficava no nosso quintal, o Pai esticou um arame ao longo do terreno da nossa casa,
ali ele corria pra lá e pra cá, assuntando os que passavam na calçada.
Saímos todos para uma grande viagem, passamos uma semana em Lorena,
o bicho doido escapou, com corrente e tudo. Correu atrás do caminhão do lixo,
acidente fatal. Perdemos NIKI o estressado.
Os vizinhos o enterrarem num terreno baldio perto da nossa casa.

NIKI II e PINGO: Minha mãe, arranjou um pequinês, de pelo negro e comprido,
era um bichinho meio enjoado, ficava dentro da casa, não bastasse um,
a mamãe trouxe outro pequinês Pingo, um filhotinho também pequinês,
vivia "pingando" o tempo todo.
Nessa época minha mãe e a mana Kel mudaram de Ferraz para Mogi
(eu e Lea já casadas).
Na casa nova de dois quartos, um mamãe e kel dividiam,
o outro era para Niki e Pingo.
Felizmente a mãe mantinha sempre tudo limpo.
Tinham vida de reis aqueles dois pequenos.
Não lembro até quando eles ficaram na família. (se lembrar, um dia conto)

TUTI - uma maravilhosa São Bernardo
(com letra maiúscula, pois ela era mesmo muito MAIÚSCULA).
Uma beleza de filhote, com pedigree e tudo.
O Cley a ganhou de amigos, ela vinha de uma ninhada de doze.
 Nós morávamos um apartamento bem amplo
(não amplo o suficiente para abrigar num são Bernardo).
Combinamos, ela ficaria conosco enquanto fosse um bebê, 
depois iria para nossos sobrinhos Jonatham e Eric.
Combinar foi fácil, difícil cumprir...

Tudo mudou na nossa casa,
um pequeno banheiro virou o quarto de dormir da Tuti,
toda a noite forrávamos tudo com jornal, a manta da Tathi virou o cobertor da Tuti.
Na nossa despensa biscoitinhos de cachorro e ração.
Tuti trouxe muita alegria para nossa casa.
(muito xixi e coco, muitos cuidados para manter o apto. limpo e cheiroso).
Tentamos ensina-la fazer  num jornal, muito obediente ia direto pro jornal,
nunca acertava a mira, patinhas no jornal bum bum pra fora, e ploft...
corre e corre pra limpar, secar e desinfetar.
Cleycir adorava leva-la ao passeio, todos paravam pra olhar o filhote tão lindo.
Ele voltava do passeio com um baita sorriso na cara,
muitas gatinhas paravam para ver a Tuti.

Tempo passando TUTI CRESCENDO, nosso amor por ela também.
Eu queria desfazer o trato, se mudássemos para uma casa...
O malvado do Cley não concordava, continuamos no apartamento.
Aos dois meses a Tuti estava maravilhosa e ENORME,
já tinha comido uma mesa de centro, alguns sapatos e chinelos.
Subia na mesa de centro da sala,ali ficava esperando a Tathi voltar do colégio.
Alcançava na mesa, e tentava roubar comida do nosso prato.
Era tempo de cumprir o trato, a razão me dizia,
ela não podia morar num apartamento;
meu coração contrariava, (nunca fui muito racional mesmo).
O Cley dizia: amanhã vamos levar a Tuti.  Eu e Tathi, implorávamos, mais um dia...

Naquele dia cheguei do trabalho, a Tuti não veio me esperar.
Cadê a Tuti??? Cley respondeu "a tuti não mora mais aqui",
olhei pra ele achando que era mais uma de suas brincadeiras,
pude ver que ele tinha os olhos inchados e vermelhos de chorar.
Chorei muito, fiquei brava, ele tentou me agradar, esmurrei o peito dele com força,
bati os pés no chão, feito criança,  cena de tragicomédia.
Naquela noite era Niver do Felipe, fomos os trêspara a festa,
com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar...

Íamos sempre visitar a Tuti na nova casa, onde tinha um grande espaço para brincar e correr.
Era uma jovem mocinha quando morreu,
suas irmãs também morreram jovens, uma doença congênita.

Escrevi e chorei lembrando o dia que o Cley disse: A tuti não mora mais aqui.


Amigos fiéis que já se foram:

Niki, Ninom, Benji , Shumacher, harley, francis, Chulin, Julião e Sheik e Pixote.
Todos eles amigos de Ciro, Lea Eric e Jô 
hoje eles tem o Sem Noção e o Peludo

Vincent foi amigo fiel da nossa mana Mara.
(não sei que cachorro a Mara tem hoje)

Tilim infernou a vida de minha mana Cleise
(hoje ela tem o Bilbo, seu filho caçula)

Ted um labrador de pelos claros eram do Valter e Aliciane
 (que eu saiba não tem outro);

Doly (do nada apareceu e do nada fugiu) e Toshio -
Hoje Edinho e Tathi tem a Bebel uma Chip Dog linda.

Continuo pensando, meu coração quer muito um cachorrinho.
Minha razão corta meu barato, não poderia deixar um bichinho trancado num apto.

1 de mar. de 2012

OPERAÇÃO DE AMIGDALAS.

Na novela, garotinha levada ao centro cirúrgico, me derrubei em lágrimas.
Só uma mãe, só um pai, um tio, uma tia, uma avó, uma madrinha, um padrinho, o papagaio, o periquito, o gato e o cachorro da família. Podem dizer o tamanho da dor ao ver uma pessoa querida sendo levada ao centro cirúrgico.
Tenho muitas histórias de hospital, centro cirúrgico e UTIs.

Hoje conto uma história, com final feliz...
A Tathi tinha sete anos, depois de tantas crises de amigdalite,
Não tinha alternativa. Era cirurgia ou cirurgia.
Eu, muito CDF, achei um jeito de marcar a cirurgia para a quarta feira antes da sexta feira santa. Poderia juntar os dias de folga e só faltaria um dia ao trabalho.
Feito e fato, numa quarta feira da semana santa fomos pro hospital.
Na maleta pijaminhas, chinelos, calcinhas. Tudo novinho, até escovinha de dentes.
Nosso coração apertadinho e um grande nó na garganta.

Cirurgia simples, mas como não pensar em coisas ruins.
E se algo desse errado?
Quando levaram a Tathi para a Cirurgia, todo mundo chorava.
Acho que nossa família foi motivo de piada naquele andar, pensavam:
Como esse povo chora, parece que a garotinha tem doença terminal,
 ou fará uma cirurgia de grande risco, êta povo que chorão!
 Não precisava ser vidente pra saber que eles riam de nós.

Não sei quanto tempo demorou aquela pequena cirurgia.
Até hoje me parece que foram horas e horas intermináveis.
Ficamos na saleta de espera.
Quando digo que ficamos, FICAMOS  COM LETRA MAIÚSCULA.
Eu o Cley, minha mãe Dna. Tereza, minha sogra Dna Erna, irmãos e cunhados: (por ordem de idade) Ciro, Ivario, Cleise, Lea, Ignacio, kel, Valter e Aliciane.
Todo mundo entupindo e sala de espera.
 Cada um chorando de um jeito:-
Aquele que chorava disfarçando, puxando o nariz, tentando não fazer barulho.
Um que chegava a tremer o corpo a cada soluço.
Outro chorava roendo as unhas até a carne.
Quem tinha fobia de hospital, o tempo todo entrando e saindo.
Uns saindo da sala pra eu não ver que chorava, voltava tentando me animar,
com os olhos e nariz inchados de tando que chorou escondido.

Cena engraçada, assim vejo olhando pela janela da minha memória.
Quando a Tathi voltou, meio grogue devido à anestesia,
no cantinho da boca um restinho de sangue.
Foi um alívio geral, e o chororô recomeçou.
Todo mundo chorava de alegria e alívio, ninguém escondeu o choro.
Tudo acabara bem.
Tathi repetindo, com uma voz esganiçada.
 “Mãe olha a minha voz, eu vou ficar falando com essa voz?
E repetia, repetia e repetia. Agora tudo era engraçado.
Acabado, todo mundo foi pra casa. Ficamos eu e Cley.
No dia seguinte também voltamos pra nossa casa.
Enchemos a Tathi de agrados, muito sorvete, gelatina, etc.
Todo mundo que estava no hospital voltou pra visitar com presentes.
E outra vez voltaram para o Domingo de Páscoa, e tome chocolate.

Por falar em domingo, naquela manhã de domingo chegou a nossa revista Veja.
Matéria de capa:-
COMPLICAÇÕES EM CIRURGIAS, DECORRENTES DA ANESTESIA GERAL.
UM HORROR, FOTOS DE CRIANÇAS EM ESTADO VEGETATIVO.
CHOQUE CAUSADO PELA ANESTESIA.
Uma matéria assustadora. Li e chorei, pensar que numa cirurgia tão simples,
o pior poderia te acontecido....

Ainda bem que a matéria da revista só saiu depois da cirurgia...
Senão todo o povo que estava naquela sala de espera, teria chorado muito mais.
Quem sabe alguém teria tido um ataque e tivesse que ser internado.

Lembrei da Tathi menininha, daquele dia em que tive tanto medo.
Foi uma história até engraçada, com um final feliz.
E assim é a maneira que vivo a vida.
Acreditando sempre num final Feliz.
Quando tudo não acaba bem.
A gente recomeça, e volta a acreditar num final feliz.

meu amor pra minha querida Tathi.
e todas as pessoas que pagaram o maior mico, naquela sala de espera...