14 de mai. de 2012

Mãe Tereza, Vó Tereza e Vó Bisa.



Tentando escrever sobre minha mãe.
Ela partiu há pouco tempo...

Tereza, muitos a chamavam Terezinha.
Em criança eu adorava cantar Terezinha de Jesus...
... o primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão,

Tereza casou-se com meu pai aos 16 anos.
Eu nasci exatos nove meses após o casamento.
(casamento em fevereiro,  nasci em novembro).
Eu não perdia a oportunidade de “fazer as contas”.
Provocando risos em minha mãe.

Aos dezenove anos, mãe pela segunda vez, de um menino.
Minha mãe - menina sofreu sua primeira grande perda,
meu irmão morreu aos quatro meses vítima da meningite,
Nesse ano de 1954 muitas famílias perderam filhos do mesmo mal.
Em tamanho desespero ela enterrou todos os pertences do bebê
no quintal de nossa casa.
Depois vieram mais duas lindas meninas Léa e Raquel.

Imagine, eu aos 15 anos tinha uma jovem mãe de 32 anos.
Minha mãe Jovem e linda!
Seus olhos verdes se destacavam naquela moldura de cabelos negros
(ela os tingia de preto azulado, moda na época).
Isso me dava certo complexo de inferioridade.
Nada parecida com a mãe sentia-me o patinho feio.
A juventude se foi, ela continuou a mesma lutadora.
Aos 75 anos vivia uma alegria enorme, rejuvenescida,
trabalhando e curtindo sua bisneta Rafa.
Uma senhora bisavó, feliz e jovial. 

Os negros cabelos longos da juventude,
foram substituídos por cabelos louros e curtos.
Como diz a Rafa cabelo amarelinho. 
O corpo elegante e bem feito tornou - se roliço.
Sua alma continuou jovem e exuberante.
Muito  vaidosa, unhas e cabelos sempre arrumados.
Suas roupas sempre bem cuidadas dava-lhe um ar de elegância.

Como tantas mulheres de sua geração,
Suportou um casamento infeliz por uns vinte anos.
Desquitando-se “quando nós as filhas já estávamos crescidas”.
Barra pesada ser “mulher separada” na década de 70.
Ela sobreviveu com muita dignidade. 
Não se envolveu com outro homem.
(apenas um namorico que durou alguns anos).
Muito discreta, até hoje tenho dúvidas se era namoro ou amizade.

O terceiro foi aquele que aTereza deu a mão

A primeira vista dava a impressão de uma mulher carrancuda.
Ruga de expressão entre os olhos lhe dava uma “cara de brava”,
Era só a cara, na convivência era uma mulher gentil e generosa.
Em contrapartida era muito teimosa e voluntariosa.

Sua maior preocupação era saber se estávamos todos bem.  
Vinha a minha casa diariamente, só uma passadinha.
Visitinha rápida, o tempo certo para comentar uma peripécia da Rafa.
E verificar “em loco” se eu estava bem.
Bem informada,
comentava assuntos sobre política e atualidade 
Adorava esportes, torcedora do  Santos FC.
Aos 75 anos foi conhecer a Vila Belmiro
Participou de uma matéria sobre os 100 anos do clube,
Voltou encantada e feliz.
Cuidou das filhas, dos netos e bisneta.
E nos amou incondicionalmente.

Da laranja quero um gomo, do limão quero um pedaço

Num sábado a noite foi vitima de um AVC,
Não voltou mais.
Usando palavras de minha mana Cleise.
Durante uma semana continuou respirando,
Preparando nossos corações para a despedida.

Da menina mais bonita, quero um beijo e um abraço...

Não gosto que as mães sejam endeusadas,
Sou mãe, isso não diminuem meus defeitos.
Ou aumentam minhas qualidades.  

Meu amor eterno para minha querida 
mãe Tereza, vó Tereza e vó bisa.
Minha mãe era assim, uma mulher comum, como tantas outras.

Se essa rua fosse minha eu mandava ladrilhar,
Com pedrinhas de brilhantes pra Tereza passar.

Gostava de cantar essa canção pra minha mãe.
talvez agora ela tenha uma linda estrada de brilhantes...