9 de nov. de 2012

T A T H I 09/11/79



Trabalhava na Gotthard (Fabrica de lixas em Ferraz).
Cinco anos casados, curtíamos nossa vida a dois.
Não planejamos nem dissemos “Vamos ter filhos”
Como tudo em nossas vidas, as coisas foram acontecendo.
Cley aos vinte e sete anos, eu aos vinte e seis.

Naquele fevereiro de 79 casaram-se Ig e Kel, nossos irmãos.
Cleise, Ivario e Marcos vieram do sul para o casório,
ficaram em nossa casa no Jardim Imperador.
Na falta de quarto de hospedes cedemos nosso quarto ao casal.
Dormimos uns dias num colchão no chão da sala.

Ig e Kel se casaram dia dez de fevereiro. 
Casa pequena hospedes dormindo no quarto ao lado.
Abstinência... 
Dias maravilhosos apesar do nosso celibato temporário.
Visitas foram embora, deixaram saudades.
Eu e Cley pudemos voltar para nosso quarto,
Depois de um meio jejum sexual, não de outra.
Grávidos!

Queria fazer uma surpresa para o Cley.
A mãe de Rita, nossa colega, trabalhava num laboratório,
Tudo combinado, levei o material (xixi),
ela encaminhou o material para análise.
Recebi o exame, POSITIVO, estávamos grávidos.

Tanto cuidado para fazer surpresa pro Cley,
Rita a linguaruda, sabedora do resultado,
Antecipou-se à minha planejada surpresa:
“parabéns papai” 
Perplexo !
Vamos ter um bebê, e ele soube a noticia por uma colega.
Merda...  expliquei, deveria ser surpresa.
E foi mesmo...
Pena, não fui eu a contar, tudo planejado, deu tudo errado.

Gravidez ótima, sem o menor problema.
Visita ao médico não nos agradou, 
momento importante em nossas vidas,
e o Dr. ANTIPÁTICO, orçou aliás ORÇOU.
Muito caro, totalmente fora das nossas possibilidades financeiras.
A ideia era fazer acompanhamento e parto particular.
Não gostamos do médico (muito bem conceituado na região),
Não gostamos do preço...
Minha mãe nos indicou um obstetra de Mogi, Dr. Ismael Guerreiro.
Um anjo enviado pelos céus.
Pré natal, no hospital Mãe Pobre, 
Pré natal pobrinho, sem ultrassom.

Problema nenhum, sentia me em segurança  
sob os cuidados daquele senhor divertido e bem humorado, 
chamava nos, as grávidas, de barrigudas.
Com a ficha na mão parado na porta anunciava:
Eunice do Nascimento Santos Cardoso de Almeida Veloso,
dava-nos no mínimo mais uns oito sobrenomes.

Perguntado quanto cobraria para fazer o parto:
- “se estiver por aqui é só me avisar virei correndo”.

Gravida, trabalhei até sete dias antes do grande dia.
A previsão do médico a partir do dia dez de novembro.
Naquele dia oito de novembro acordei super disposta,
limpei a casa toda, lavei quintal, revisei a maleta para hospital.
Muito inchada, meu nariz parecia um morango gigante.
Mamãe comentou com Cley, fica de olho de hoje não passa.
Dia dez estava chegando, tudo arrumado para ir pro hospital.
Madrugada de nove de novembro, três horas, 
começo sentir uma dorzinha enjoada, não dormi. 
Fiquei quieta para não acordar o Cley.
Cinco horas, não aguentei mais, chamei pelo Cley.
Sono Pesado demorou a me atender. 
Contrações a cada 15 minutos, corre-corre, 
banho com ajuda da mana kel, (ajudou -me lavar os pés).  
Fomos no nosso velho opala verde garrafa, muito confortável.
No hospital, espera, espera, espera, espera o atendimento.
Muita mulher barriguda, barrigas enormes.
Corredor lotado, neném em novembro resultado do carnaval.
Eu e minha barriguinha chinfrim, nem parecia estar na hora.

Contração, estouraram minha bolsa, ficar deitada de lado. 
Nessa hora veio uma dor cortante alucinante.
Contrária a cesária e remédios,
na hora H chorei,  pedi arrego, queeeeeeeero remédio.
Doze horas, sala de parto, na retina a imagem do Cley...
Alívio, Dr. Ismael  estava lá, rosto coberto pela mascara cirúrgica,
via lhe apenas seus olhos redondos.

Aquela força de um bebê empurrando não vinha mais,
Exausta eu tentava, forçava e nada do bebe empurrar. 
Não aguentava mais, escutei a palavra fórceps, o bebê estava virado.
Sentia ser cortada e picotada, não era dor, só o sentir cortar.
Eu já não fazia força, Dr Ismael conversava comigo o tempo todo.
Um puxão como se arrancassem um pedaço de mim.
Tathi chegou às duas horas e vinte minutos daquela tarde de sexta feira.

Diálogo Dr. Ismael e Nice:
Dr.:  acabou, deu tudo certo.     
Nice: acabou nada, ainda falta a placenta.
Dr.:  Faltava, (ploft) vamos costurar.   
Nice:- não vai costurar tudo.
Dr. : Fica tranquila, você ficará novinha em folha...

Assim foi nosso parto, agradeço a Deus mandar-nos um anjo. 
Competente, usou o fórceps, sem causar nenhum dano.
Tathi veio pra nós com um leve arranhãozinho na testa.
Com certeza o bebê mais lindo do mundo.
Já no quaro e pequenina Tathi rodeada de babões.
Miúda, rostinho redondinho, cabeluda. Linda!
Ao saber ter que ficar mais um dia no hospital, chorei .
No domingo dia dez de novembro de 79, chegamos à nossa casa.
Muitas rosas na cor champanhe e balões coloridos.

Dizer tamanho do nosso amor é desnecessário.
Quem é mãe sabe, quem é filho sabe...

Se fosse um menino seria Luiz Guilherme,
Se menina Mariana ou Juliana (minha escolha)
O Pai queria Camila.
Chantageando o Cley,  escolhemos Tathiana,
livro de significado de nomes “A menina do papai”

Sorte sua não homenagearmos o médico,
Já pensou ?  Ismaela.?


Um comentário:

Anônimo disse...

Lindoooooo! Só chorando mesmo!!!! Adorei, tia!!!! Beijos da Quel