26 de jul. de 2012

FERIAS EM ESPERANÇA





Ao ver fotos do NIVER casamento de Ivário e Cleise.
Lembrei-me do dia do casamento,
Por tabela muitas saudades da primeira viagem ao Rio Grande do Sul.
Meus queridos cunhados ainda solteiros.
Eu e Cley estávamos casados há pouco tempo.
Fomos de “BUZÃO”, dezesseis horas na estrada, paradas para pipi e
lanchinho, grana contadinha, não dava pra exageros.
Dormi o tempo todo, o Cley não pregou o olho, mal acomodado,
com suas pernas enormes prensadas entre os bancos.

Esperança, o nome do lugar já era convidativo.
Pra chegar ao nosso destino mais um trecho numa Kombi,
apenas dois horários pra embarcar, um pela manhã outro no fim da tarde.
Fim de tarde lá fomos nós (quase perdemos o horário)

Pense numa Kombi lotada. Pensou? Bota mais meia dúzia de gente.
Pra ter uma ideia eu fui sentada com metade da bunda no colo do Cley
a outra metade no colo do Ivario e parte do meu corpo esmagando a Cleise.
Não me recordo quanto tempo ficamos na Kombi.
Foi uma eterrnidade....

Recebidos timidamente e muito carinhosamente 
pelos queridos Darcy, Edith (pais de nosso cunhado)
e Paulo (filho caçula do casal, na época adolescente o rosto coberto de espinhas).
Saudades, Darcy e Paulo (já se foram).
A timidez inicial de nossos anfitriões logo se transformou em camaradagem.
O querido casal se mudou para o celeiro e nos ofereceu o seu quarto.
Tentamos ficar no celeiro, qual o quê, ficamos com a cama do casal.
Cama acabou virando motivo de piada, o colchão afundava e
fazia um buraco bem no meio, era impossível o casal dormir afastado.
Cada um virava pro seu lado, o colchão afundava bem no meio
e nos empurrava para o meio da cama.
Aproveitamos e dormimos abraçadinhos. (êta colchão safadinho).

Foram dias maravilhosos.
Com direito a pão caseiro fresquinho, leite tirado na hora,
manteiga batida no mesmo dia, amarelinha e saborosa.
Queijo caseiro de cor bem clara  e cheio de furinhos.
Dna. Edith trabalhava muito pra nos oferecer muita coisa boa,
preparada no fogão ou no forno ambos à lenha.
A geleia adoçada com melado de cana, a cuca amarelinha e macia.
Tantas iguarias deliciosas, só em lembrar dá água na boca.
Aproveitando o creme (nata) de leite fresquinho e bem gordo,
eu e Cleise tentamos bater creme chanty, não deu certo.
Fizemos uma horrível manteiga doce argh!

As partidas de baralho ( PIF) após o jantar.
moeda de aposta era feijão ou milho, o ganhador amontoava os grãos
no cantinho da mesa como se fossem dinheiro.
O Cley discaradamente roubando no jogo, como sempre fazia.
O almoço com massa fresquinha, receita dos imigrantes italianos.
A espremidinha (cachaça com limão vermelho) antes das refeições.
Deliciosa convivência com pessoas de uma simplicidade quase ingênua.
Fomos cativados pra uma vida inteira.
Tudo era muito gostoso, ferias de uma semana, podia ser mais tempo.

Sair à tardinha atravessar o pasto  dar direto no arroio
uma queda d´agua que acabava num pequeno laguinho,
aonde íamos de toalha e sabonete para brincar feito crianças,
depois tomar banho ali mesmo, cuidando para não escorregar nas pedras.
Uma delícia!
Pena que o  bando de borrachudos, me elegeram seu prato principal.
alérgica a picadas desses monstros, demorou muito para curar as feridinhas.

Ir para o arroio tomar banho tudo bem,
levar sabonete e toalhas tudo bem.
atravessar o pasto, olhando bem por onde pisa tudo bem.

Daí a atravessar o pasto, no meio de dois bois,
Parecido e Mascarado (e mais um cavalo).
Eu ou a Cleise com uma toalha de banho VERMELHA nas costas?!?!
Não deu outra o boi correu pra cima de nós.
Pernas pra que te quero, correr de bater o pé na bunda.
Ante tamanho desespero, corríamos sem esconder a toalha vermelha.
pisando o esterco com pés descalços, pra piorar a situação
um bando de quero-quero se juntou aos bois  pra nos atacar e aterrorizar .
Nunca corri tanto na minha vida!
Enquanto fugíamos em disparada em direção a casa
A família Fries espiando na janela se matando de rir,
o ataque dos bois “sujos”, como disse a vó Edith,
foi motivo pra muita risada por muito tempo.
Paulo naquela época um menino, rachou o bico de tanto rir,
divertindo - se com a cena, livrou - se de  vez de sua timidez.
E zombar da gente foi sua maior diversão pelo resto da semana.

Uma semana de férias, poderia ficar aqui  e escrever muito.
Tantas são as lembranças de Esperança.
Ir a vendinha a e tomar cerveja,
acabar com os pés na visita ao Morro do Espelho,
comer frango com farofa à sombra de uma árvore.
Receber visitas na varanda, junto com os donos da casa.

Até do chimarrão sinto saudades.

Vila Eperança - Maratá - Rio Grande do Sul

Despedida...
Todo mundo chorou, a Vó Edith já chorava um dia antes de sairmos.


Minha grande vingança contra os bois Mascarado e Parecido.
Eles foram "transformados" tempos depois em linguiças, ensopados,
assados, carne de panela (churrasco não, boi velho tem carne dura)
Sem a companhia da gangue de QUERO - QUERO, os bois foram
derradeiramente acompanhados por salada verde e batatas dorê
e uma boa cerveja gelada J.



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